Irene Hargensen nasceu no seio de uma das mais proeminentes famílias nobres da Inglaterra do século XXI. Filha de um barão com fortes aspirações políticas, ela habituou-se a um mundo em que a moral acima de todos os julgamentos manifestada perante a sociedade é bem diferente daquela que é posta em prática nos seus bastidores. Cedo demais, Irene descobriu o que poderia fazer pelo bem familiar – e perder em nome dele também. Sua vida de interesses é afetada quando o irmão Heinrich, um célebre causador de problemas, é brutalmente assassinado nas ruas de Londres. Querendo vingar sua perda, ela vai ao rastro de Viktor Morgan, genro do homem mais temido do mundo e alto criminoso da Máfia Russa. Ele aceita ajudá-la, mas cobrando um preço alto demais para ser exigido de uma dama da nobreza. O que Viktor não esperava era que fosse dragado para os porões mais sinistros dos segredos de Irene, e que ele mesmo sentisse a necessidade de rebocá-la para o seu mundo. Um romance em que os limites entre nobreza e crime se perdem na medida em que Viktor e Irene, opostos que se atraem irremediavelmente, embarcam em um jogo de paixão e interesses sem direito a vencedores – e potencialmente mortal.
Antes de começar a resenha em si, eu gostaria de fazer um pequeno anúncio. Esta resenha foi escrita de acordo com a minha opinião pessoal do livro. Aspectos técnicos e o meu envolvimento pessoal com a obra forjaram a minha opinião, mas basicamente é o que EU penso sobre o livro, o que EU achei dele. Não estou pedindo para ninguém concordar comigo, mas, apenas, respeitar a minha opinião. Se você se é incapaz de respeitar uma opinião adversa a sua, por favor, nem comente.
Ah, e fake names são ridículos e eu os reconheço quando eles aparecem. Por isso, nem tente, tá? Fica tão feio...
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Eu conheci Entre a Nobreza e o Crime (EANEOC) através da blogosfera. Na verdade, através de um “burburinho” na blogosfera. Como muitos já sabem, eu não fã de Twilight e muito menos, obviamente, faço parte da fandom, por isso não conhecia a tal fanfic EANEOC. Todavia, comecei a ouvir muitos comentários positivos a respeito de um livro baseado nessa fic. Procurei saber mais e ao ler a sinopse achei a trama interessante. Só havia um problema: o preço. Eu sei que o livro tem quase 700 páginas e é de uma editora pequena, porém, mais de 50 reais (incluindo o frete) é um pouco muito para o primeiro livro de uma autora desconhecida. Nem com a Sandra Brown, que eu leio e adoro, eu pago esse preço.
Mas eis então que a autora, Jane Herman, gentilmente me convidou para participar do BookTour do livro (mais uma vez, obrigado, Jane) . Ela me avisou que os personagens não de “contos de fada”. Eu disse que tudo bem, mas, que a minha resenha seria uma opinião honesta do que eu achei do livro.
E o que eu achei do livro? Difícil e...decepcionante. Não posso dizer que “gostei” mas estou muito longe de ter odiado. Vamos dizer assim, pesando os pós e os contras na balança, essa pendeu mais para o lado negativo.
Aspectos Positivos
A primeira coisa que eu posso dizer à respeito EANEOC é que foi bem escrito.
Eu não diria que este é um livro “sensual” mas ele tem uma alta carga erótica. Nada muito além de um papai-e-mamãe mais apimentado mas mesmo assim bem interessante. A “presença” da Taurus [no spoilers aqui!!] é bem eróticas, na falta de uma palavra melhor; não foi nada que eu não tenha visto antes (baby, vocês não sabem o que é a HP fandom! rs) mas penso que muitos devam achar a cena “excitante”.
As relações familiares no livro também é outro destaque positivo. São momentos bem construídos. Eu só senti que poderia ter ido mais além “naquela” questão tabu. Fiquei esperando algo realmente chocante mas, honestamente, foi como um balão murchando.
Eu também não posso deixar de citar a boa pesquisa histórico/geográfica da autora.
Os Aspectos Negativos
O primeiro senão do livro fica a cargo da linguagem empregada. Apesar de bem escrito, a linguagem empolada e ridiculamente formal atrapalhou em muito a leitura. E antes que alguém fale alguma coisa, eu leio clássicos e muitos textos técnicos e por isso não é uma questão de desconhecer a linguagem empregada, mas achá-la totalmente fora de propósito. Se o livro fosse um romance histórico, eu até entenderia. Ou se a história fosse contada em primeira pessoa e se passasse em Portugal. Do século 19. Mas não, o livro é um romance contemporâneo passado na Inglaterra.
Palavras como “ósculos” e “olvidar” soavam ridículas e cansavam (imensamente) a leitura. Me lembrou aqueles advogados chatos e almofadinhas que ficam falando data venia até mesmo quando estão longe dos tribunais.
Uma linguagem tão empolada acaba afastando o leitor comum. E escrever “simples” não significa escrever mal. Muitas vezes é até mais difícil escrever “simples” do que inserir palavras e verbos complicados. Shakespeare, em sua época, escrevia com a linguagem comum. Do povo de sua época.
Pois bem, a linguagem me incomodou muito mas apesar disso, pouco a pouco eu fui me acostumando a ela. Apesar de muitas vezes ter a impressão de estar lendo um romance traduzido do Google Translate.
Todavia, o que mais me incomodou não foi a linguagem que fazia a leitura se arrastar ad infinitum. Não, o que eu mais detestei no livro (sim, detestar é a palavra) foram os personagens. Tirando Jesse, eu detestei todos eles. Principalmente o casal principal. Aliás, eu apenas os considero “casal” por serem homem e mulher. Qualquer tipo de sentimento ali passou longe. Talvez tenha sido essa a intenção da autora.
Eu sei que eles foram forjados para serem quase que anti-heróis, mas, até mesmo com anti-heróis é preciso um mínimo de empatia. Michael Corleone, protagonista do meu livro favorito, O Poderoso Chefão, é o tipo de personagem que de bonzinho não tem nada, mas mesmo assim nos simpatizamos com ele. O mesmo vale para com os protagonistas de Os Imorais.
Eu senti ZERO empatia por Irene e Viktor Morgan. Na boa, se eles tivessem morrido na metade do livro, não teriam feito a menor falta.
Irene começa o livro chata, passa o livro chata e termina o livro chata. Não existe uma mudança consistente na personagem. Eu até aguentaria a chatice e arrogância dela se ela, pelo menos, crescesse como personagem/pessoa. Foi uma trajetória totalmente linear.
Já Viktor Morgan, não posso deixar de dizer que houve sim um desenvolvimento, mas foi muito pouco para que *eu* tivesse qualquer empatia pelo personagem. Eu sei que tem todo esse aspecto de anti-herói bad boy, mas, incomodou MUITO que, nos dias de hoje, possa aparecer cenas que mostram descaradamente a violência contra a mulher sem qualquer tipo de “consciência”, que seja por parte do narrador. Essa falta de consciência meio que acabou com a leitura para mim. É claro que muitos dos personagens estavam no seu “papel” de achar aquilo “normal”, mas alguma forma de crítica poderia ter sido inserida.
Me desculpem, mas não consigo achar sexy um personagem que espanca, estupra e trafica mulheres.
Estupro não é algo romântico nem sexy.
E, sim, eu sei que se trata de uma obra de fantasia, mas, sempre existe o juízo de valor.
Acho que é um daqueles momentos que eu simplesmente não consigo desvincular minha vida e opiniões pessoais da leitura.
O fato é, aparte vários outros probleminhas, eu achei a leitura cansativa. Não me “conectei” com a história- a sensação de “tanto faz” com o que poderia acontecer me acompanhou quase até o fim. Digo quase porque no último quarto do livro, as coisas começam a melhorar. Um pouco. Porém já tinham se passado quase 500 páginas. É muito.
Como eu disse no início da resenha, Entre a Nobreza e o Crime *é* um livro bem escrito. E sim, Jane Herman é uma autora de talento, apenas, ao meu ver, precisa aparar algumas características em sua escrita. Eu desjo a ela, sinceramente, todo o sucesso.
Apesar de não ter me cativado, não vou dizer: não leiam. Pelo contrário, leiam sim e formem vocês mesmos as suas próprias opiniões.
Título Original: Entre a Nobreza e o crime
Autor: Jane Herman
Editora: Lio
Gênero: Romance Contemporâneo
Série: EANEOC- Livro 1
Sub-Gênero/Assunto: Mafia, hot, drama, literatura nacional, foras da lei
Período: Contemporâneo. Inglaterra.
2.5/5