Título Original: Dusky Rose Autor: Joanna Scott Editora: Abril Coleção: Fascinação Gênero: Romance Contemporâneo Sub-Gênero/Assunto: Romance de Banca, Amor e Ódio, Período: Anos 80. São Francisco, EUA. |
E como explicar tudo isso à sua irmã?
Não havia saída. Sua vida estava nas mãos de David, um homem cínico e calculista, capaz de tudo para atingir seus objetivos. E Laura precisava submeter-se aos caprichos dele, para que o futuro de Midge, sua irmã, não corresse perigo....
Minha Leitura Para o Mês de Janeiro da Maratona de Banca . O tema era Mocinho ou Vilão, eis questão ! (Veja minha lista AQUI).
E começa a Maratona de Banca 2012! E com um tema do tipo polêmico : o mocinho-vilão! Eu tenho sentimentos conflitantes em relação a esse espécime; amo e odeio. Afinal de contas, eu adoro um grosseirão Palmeriano, porém, tem vezes que... ai que raiva! Mas acho que o pior mesmo é tipo de mocinha que acompanha os tais. 98% das vezes, são umas parvas! Umas tontas sem amor próprio!
Em Força Estranha, minha escolha deste mês para a Maratona, eu encontrei esses dois elementos: a mocinha tonta e o mocinho grosseirão. Aliás, nem sei se posso chamá-lo assim- acho que ele sofria de alguma doença, bipolar talvez?
O livro começa com o já conhecido mote de confusão de identidade. Laura é uma floricultora que conhece, durante um trabalho, David e logo se vê interessada nele. O que ela não sabe é que David é, na verdade, D.J Lattimer, o empregador dela e quem ela julga ser o próprio diabo em pessoa.
A primeira parte de Força Estranha é justamente sobre esse “namoro” . David é um amor, super solícito, amoroso e tudo mais. O que ele quer é dar umas bitoquinhas na Laura...ah! Mas ela não é desse tipo de mulher não, senhor! Eu até gostei do David durante essa parte. Tudo bem que ele era um pouco muito insistente e com um jeitão de galã de churrascaria ... Agora, a Laura! Pelo amor! Uma tonta sem noção. Tecnicamente ela não conhece o novo patrão (contratante) mas vive falando mal dele. Sem contar os “não me toques”. [E dá-lhe "força estranha" entre os dois! Aliás, a tradutora devia estar apaixonada por essa expressão porque de meia em meia página lá estava um "força estranha"! ]
Tudo vai bem até que, de repente, não mais que de repente, o amável David se transforma no odioso D.J. Lattimer. É pá-pum! Em um momento, bonzinho. Noutro, malvadão! Seria ele Dr. Jekyll/ Mr. Hyde?
Ah, comentei que eles se casaram? Pois é. Quando menos se espera, eles estão casados. Ela se vê apaixonada pelo marido e ele só a maltrata e a chama de vagabunda e interesseira pra baixo. A trama muda tão completamente de uma hora pra outra (ou seria, de uma página pra outra?) que eu fiquei seriamente perdida. Até conferi se não tinha alguma página faltando no meu livro.
Eu gostei do livro. É leve, romântico e prende a atenção. Sem contar que tem sempre um lado da gente que é um pouco masoquista. Passei grande parte da leitura mostrando a língua pro David e querendo chacoalhar a Laura. Ele pode até ter sido bem cruel em alguns momentos, mas a mulher era uma lesa!
Contudo, o que mais me chamou no livro nem foi tanto a estória em si, mas o seu aspecto antropológico/ sociológico. Força Estranha foi escrito em 1980 e apresenta um panorama não muito favorável do papel da mulher na sociedade de então. Algumas passagens são cômicas para não se dizer, trágicas. A mulher já podia trabalhar claro, mas só até conseguir um “bom marido”.
Laura, a nossa mocinha, mora com a irmã em São Francisco e as duas possuem uma floricultura. Porém, Midge está de casamento marcado, assim, não trabalhará mais. Cabe a Laura vender a loja e voltar para o interior e morar com uma tia idosa. Afinal, moça “direita” não podia morar sozinha não.
Durante a leitura, eu pensei na minha própria família e cheguei à conclusão que eram muito modernos. Eu já tinha nascido em 1980 (abafa o caso pra idade!) mas era bem criança. Quando eu nasci, minha mãe tinha mais de 30, havia feito faculdade e trabalhava. Horror! Um tio meu casou-se por essa época. Sua noiva, hoje minha tia, também tinha feito faculdade, trabalhava e – oh!- morava sozinha em São Paulo (ela era de Minas).
“-Esta valise não é sua, é? D.J.L... de quem são essas iniciais? - É que eu perdi minha mala e tive que pedir esta emprestada. - Mas essa mala é muito rústica pra pertencer a uma mulher... - foi um amigo que me emprestou. -Então essa amizade deve ser muito profunda...” |
Viram só rapazes? Emprestar uma mala não é somente emprestar uma mala! Se com a mala for uma frasqueira junto, já podem anunciar o noivado!
Não posso também deixar de mencionar o fato que, com exceção de Laura, todos os outros personagens consideravam David um Deus na Terra. E se ela o criticava, já era prontamente “advertida”. Todos achavam que ela deveria se sentir agradecida por estar casada. Posso falar que em certos momentos, esse livro irritou um pouco- muito!- o meu eu-feminista?
Como eu disse anteriormente, eu gostei do livro. Principalmente do seu humor involuntário. Força Estranha é praticamente um avô dos atuais Paixão. Bem mais comportado, é claro, mas o principio está lá. Ao final, somos premiados com um final feliz e o mea culpa do mocinho. Ele sempre a amou e... Vocês já sabem, né? Esta é uma daquelas partes que a gente sabe o quê vai acontecer, mas mesmo assim mal pode esperar. E redenção é tudo de bom, não é mesmo?
Apesar de ser um livro curtinho e algumas situações terem ocorrido de forma abrupta, Força Estranha tem um bom ritmo.
Ah, e a questão do casamento pá-pum é explicada. Não que eu tenha ficado muito convencida. Mas, ah, quem é que está ligando pra isso?
Capa Original:
3/5