Capitão Bruno Courrèges responde pelo pomposo título de chefe de polícia, apesar de ser o único policial da pequena cidade de St. Denis, no sudoeste da França. Ele tem uma arma, mas nunca a porta; tem o poder de prender, mas espera jamais ter de usá-lo. Quando o velho chefe de uma família de imigrantes do Norte da África é encontrado morto, as marcas em seu corpo apontam para um crime racista, e as suspeitas recaem sobre um rapaz encontrado com objetos nazistas. Bruno não está convencido, ele suspeita que o crime pode ter raízes no período mais sofrido da história da França – a Segunda Guerra Mundial.

Uma leitura que me tirou um pouco do lugar comum. Pelo menos do que eu vinha lendo ultimamente (por ultimamente, entenda-se os últimos anos). Bruno, Chefe de Polícia é aquele tipo de livro difícil de classificar, de colocá-lo sob um determinado gênero. Pode-se dizer que é um livro policial, de mistério, mas, eu diria que é um pouco mais de do que isso. Bruno é quase uma crônica, um relato sobre a vida em uma pequena cidade francesa, sob o ponto de vista do único policial da cidade.
Benöit Courrèges, conhecido como Bruno é o chefe de polícia de St. Denis, uma minúscula cidade no interior da França. Na verdade, ele não só é o chefe de polícia como o único policial da cidade. E não se incomoda muito com isso. Com trinta e poucos anos e veterano da Guerra da Bósnia, o trabalho de Bruno resume-se, basicamente à apartar pequenas brigas e despistar os agentes sanitários das feiras livras da cidade.
A vida dele, assim como a vida de todos na pequena St. Denis, é calma e simples, até que, um crime hediondo com detalhes de tortura e nazismo acontece e a aquela aparente paz começa a desmoronar. Os simpáticos moradores de St. Denis já não são mais tão inocentes e simpáticos assim e Bruno, apesar das aparências, não é um tolo policial do interior.
O assassinato de um velho árabe é o que conduz a história do livro, mas , mais do que descobrir a identidade do culpado, a intenção do autor é mostrar a vida naquela pequena cidade e como pequenas verdades veem à tona depois de algo tão impactante.
Até aquela morte, todos pareciam despidos de preconceitos e unidos por uma amizade sólida, mas de repente, Hamid, a vítima deixa de ser apenas um velho da comunidade que vivia isolado para se transformar em “o árabe”. E, ao mesmo tempo, percebe-se, como a segunda-guerra mundial, apesar de encerrada há tempos, continua presente.
Bruno, chefe de Polícia é uma leitura diferente, quase como um painel de acontecimentos, uma crônica de costumes. Em determinado momento, eu comecei a perceber que a identidade do assassino não exatamente o ponto principal da história mas sim os porques .
A pequena St.Denis é um personagem em si própria e grande destaque do livro, mas o melhor é mesmo Bruno, com jeitão aparentemente calmo e pacato mas muito mais esperto do que muitos supõem. A personalidade dele vai sendo delineada aos poucos, de certa forma enganando ao próprio leitor. Todavia, senti que ela, a personalidade de Bruno, não foi completamente desvendada. Talvez isso aconteça nos outros livros da série que, é claro, NÃO foram lançados no Brasil.
Este não é um livro de leitura rápida, não que seja arrastado, pelo contrário, mas o excesso de palavras francesas atrapalha um pouco a leitura. Não sou contra estrangeirismos, mas usar expressões em Francês para palavras que tem relativos em Português é algo sem sentido, pelo menos, para mim. Como, por exemplo, Police Municipale. Por que não dizer Guarda Municipal ou até mesmo Policia Municipal? Soou pedante, o que de forma alguma o livro é. Não sei explicar muito bem, mas é um tipo de escrita para se ler saboreando as palavras e situações. Apesar de não ser um livro cômico, um leve toque de humor e ironia está bem presente. E apesar dos temas sérios que aborda, tudo é exposto de maneira bem leve, mas não superficial, ou levianas, eu diria.
| “A arma de Bruno (...) estava trancada no cofre do seu escritório na Mairie, de onde saía uma vez por ano para treinamento no estante de tiro (...). Ele a portara a serviço em três ocasiões, em seus oito anos na Police Municipale. A primeira foi quando um cão raivoso fora localizado em uma comunidade vizinha e a polícia foi posta de sobreaviso. A segunda foi quando o presidente da França tinha passado pela comuna de St. Denis (...). A terceira foi quando o canguru boxeador fugiu do circo que estava no local, mas isso era outra história.” |
O livro tem ainda um pouco de romance, mas, não espere uma história de amor. Bruno, Chefe de Polícia não é um livro romântico.
Esta foi uma leitura agradável e que me tirou um pouco da minha mesmice literária , porém, não sei se este é o tipo de livro que agradaria a todos. Se você estiver disposto a ler algo diferente dos YA’s, eróticos e outros sucessos do momento, dê ao livro uma chance. Quem sabe você não acaba gostando?
Eu gostei.
Recomendo.
Título Original: Bruno, Chief of Police
Autor: Martin Walker
Editora: Record
Gênero: Romance Policial
Série: Bruno- Livro 1
Sub-Gênero/Assunto: Crime e Mistério, Racismo e Preconceito, Homens da Lei, Romance Contemporâneo
Período: Anos 2000. Interior da França
Série
Livro 1- Bruno, chefe de polícia
Livro 2- The Dark Vineyard - Inédito do Brasil
Livro 3- Black Diamond Inédito do Brasil
Livro 4- The Crowed Grave Inédito do Brasil
Livro 5- The Devil's Cave Inédito do Brasil
Book 6- The Resistance Man (Expectativa de publicação: 2013
Outras Capas:
![]() |
4/5














