segunda-feira, março 25, 2013

Um Amor Quase Perfeito, de Sherry Thomas


O amor tem desígnios próprios. Para toda a sociedade de Londres, Lorde e Lady Tremaine tinham a situação ideal: um casamento assente na educação, cortesia e liberdade¿ sob todos os pontos de vista, um casamento perfeito. A razão? Durante os últimos dez anos, marido e mulher residiram em continentes separados. Mas por uma vez, as coisas para os Tremaine alteraram-se. Quando Gigi Rowland pôs pela primeira vez os olhos em Camden Saybrook, a atracção foi imediata e avassaladora. Mas o que começou com uma faísca de paixão terminou em traição na manhã a seguir ao casamento, e agora, Gigi quer ser livre para casar de novo. Quando Camden regressa da América com uma exigência chocante em troca da sua liberdade, a decisão de Gigi terá consequências que ela nunca imaginara, à medida que os segredos se revelam e o desejo se reacende, um dos casais mais admirados de Londres terá de se apaixonar de novo, ou separar-se para sempre.



“A vida já é suficientemente difícil por si só. Não se atormente mais com ses.”


Não sei ao certo o que escrever. Juro. Eu amei o livro. Odiei a protagonista. Geralmente, quando eu não gosto de uma protagonista, a leitura, para mim, perde um pouco do valor. Uma boa mocinha, heroína, dá um gás especial à (quase) qualquer trama.

Eu não gostei de Gigi, Lady Tremaine. Porém, devo explicar, não gostei dela como pessoa e não como personagem. Se isso faz algum sentido.

Um Amor Quase Perfeito , apesar de ser o primeiro livro escrito por Sherry Thomas, foi o segundo dela que eu li e a semelhança da trama com a de Not Quite a Husband me causaram sentimentos contraditórios. As histórias não são iguais mas têm os mesmos elementos: o casal que se separa logo após a noite de núpcias e que se reencontra depois de anos, quando um divórcio é solicitado.

“E, quando já estivessem casados, ela observaria o seu corpo adormecido, deslumbrar-se-ia coma sua boa fortuna imensa e ignoraria a permanente intromissão do medo que manchava a sua alma."”

Esta semelhança, não negar, causou-me um certo incomodo no início. Eu já não li isso antes?, mas foi algo que lentamente foi se dissipando com o decorrer da leitura. E que leitura.

Um Amor Quase Perfeito não é uma história de amor. Okay, talvez seja também uma história de amor, mas é mais um drama romântico sobre duas pessoas em busca de redenção, amor e perdão.


É uma história agridoce que fala sobre pessoas humanas e, por isso, imperfeitas. Houve um erro, sim, mas também ocorreu um excesso de orgulho que simplesmente impediu Tremaine de perdoar a mulher que amava e, assim, não só a fazer infeliz como a si próprio.

No passado, as atitudes de Gigi seriam muito bem cabíveis à vilãs de livros do gênero. O que ela faz é infantil e errado. Porém, apesar de ter desaprovado muito o que ela fez, não foi isso – ou somente isso- que me fez desgostar da personagem. O que me incomodou foram as atitudes de Gigi no presente. Apesar de tudo, senti que ela não cresceu. E o modo como ela “prendia” e, sim, enganava o jovem Lorde Frederick não foi certo. A omissão, muitas vezes, pode ser tão grave quanto uma mentira. Como todo ser humano (ou quase todo, pelo menos), ela também tem seu lado bom e caridoso mas este lado não conseguiu suplantar o seu lado infantil e egoísta. Eu simplesmente não consegui gostar de Gigi.

“(...) amar alguém não te dá a mínima desculpa para seres menos do que honrada.”


Lorde Frederick, por outro lado, foi um personagem que me surpreendeu. Ele é aquele “tolo” que de repende, percebemos é muito mais do que aparenta.

A proposta de Tremaine de só aceitar o divórcio após o nascimento de um herdeiro é insultante. E mostras-se algo difícil para os dois. Debaixo de toda a mágoa, rancor, decepção, ainda existe um sentimento forte que os une- e também os afasta.
É complicado se permitir uma segunda chance. Perdoar.

As relações- amorosas ou não- são algo complexo e Sherry Thomas fala sobre isso muito bem. É fácil demais culpar Gigi por tudo às vezes a gente precisa dar o primeiro passo, conversar.

Um Amor Quase Perfeito é uma história de heróis imperfeitos e pode parecer estranho que tenha gostado tanto do livro apesar do meu desgostar pela protagonista. Ou talvez tenha sido justamente por isso. A autora constrói uma trama segura e emotiva na medida certa, sem se deixar descambar para o dramalhão barato.

“Mas o seu bom senso não era adversário à altura da lancinante dor no seu coração, da esmagadora necessidade que sentia dele.”


Até mesmo a trama paralela da mãe de Gigi, Victória, é muito bem inserida e conduzida.

Um Amor Quase Perfeito é uma história que toca e nos faz pensar em nossas próprias atitudes, de como muitas vezes podemos ser os vilões de nossa própria vida.

Um livro maravilhoso. Para se ler com calma, saboreando cada palavra e mergulhar lentamente numa linda história.


Mais que Recomendo!
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Título Original: Private Arrangements
Autor: Sherry Thomas
Editora: Quinta Essência (Portugal- Wook)
Gênero: Romance Histórico
Sub-Gênero/Assunto: Casados, Segunda-Chance, Reencontro, Drama
Período: Era Vitoriana. Inglaterra.


A Edição
A Edição que eu li foi a Portuguesa, comprada na Wook. Eu continuo achando o Português de Portugal estranho , não somente no vocabulário mas principalmente na “ordem”das palavras nas orações e o uso de alguns pronomes como o si/se em vez de ti/te.

A edição está bonita, com uma bela capa porém a modelo da capa está usando uma roupa moderna (é uma saia longa, sim, mas contemporânea). Esse tipo de “erro” me incomoda um pouco. Sou chata, eu sei. rs
Todavia, o que mais me incomodou foram algumas frases e palavras apagadas e/ou borradas. Pelo preço do livro, a impressão deveria estar perfeita.

O fato é, apesar das capas caprichadas e dos ótimos títulos, pra mim, o custo-benefício de importar da Wook não vale. À não ser com frete grátis e olhe lá. O outro livro que eu tenho da Sherry Thomas é uma edição americana, que tem brilhinho na capa e que eu li sem problemas e custou metade do preço.
Mas, se , para mim, não vale a pena, sou super a favor das pessoas continuarem a importar da Wook. Quem sabe as editoras brasileiras não percebem o que estão perdendo?


Outras Capas:


4.5/5

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