Dezoito meses após os acontecimentos descritos em Aurora Boreal, a advogada Rebecka Martinson ainda sofre com o trauma causado pela última investigação de assassinato. Porém, o escritório no qual trabalha recebe a missão de investigar a morte de uma pastora de uma igreja local e ela e seu colega Thorsten Karlsson partem para a cidadezinha. Chegando lá, porém, eles logo percebem que a líder religiosa foi brutalmente assassinada e a polícia local não consegue encontrar o criminoso. Mistérios, segredos e religião em uma trama reveladora e capaz de prender o leitor até a última página.
Não sei ao certo se gostei do livro ou se fiquei decepcionada. Provavelmente os dois.
Bem, antes de mais nada, é preciso voltar no tempo. Melhor dizendo, voltar ao primeiro livro da série, Aurora Boreal. Não, não vou soltar spoilers aqui, mas é bom dizer que é imprescindível ler o primeiro livro antes deste aqui. Não que as duas histórias- ou os dois mistérios- sejam continuação, mas o estado psicológico de Rebecka Martinson é. Tudo o que ela é, ou tudo o que ela está sentindo, é uma consequência do que aconteceu no primeiro livro.
A questão é que Rebecka NÃO é a personagem principal de A Mancha de Sangue. Sim, ela tem um papel essencial, mas na maioria do tempo é apenas uma espectadora. Anna-Maria, a investigadora, é quem conduz a trama, porém, o livro é mesmo da vítima, a pastora Mildred Nilsson. É ela quem vai pautar as ações, pensamentos e acontecimentos do livro. Tudo gira em torno dela.
O livro já começa com a morte de Mildred e logo vamos descobrindo que, apesar de ser uma pastora, ela não era a mais amada das pessoas. Nem a mais fácil. Como todo romance policial que se preze, todos parecem que tinham algo contra ela. Até mesmo quem gostava dela.
Assim como no primeiro livro (tem o link da minha resenha no final do post), senti dificuldade em ter empatia pelos personagens. Eu gostei que Rebecka não foi retratada como aquele tipo de heroína que passa por um trauma e nada sente, mas a melancolia dela começou a me irritar- e a Mildred, affe! Até eu fiquei com vontade de dar uns tapas na mulher.
Ao contrário de muitos livros do gênero, A Mancha de Sangue evolui de modo lento, com vários pontos de vista-e até mesmo a história de uma loba, que apesar de ter sido interessante, me pareceu mal aproveitada.
O que mais me chamou a atenção mesmo foi o personagem Nalle, um deficiente mental que passa a ter uma espécie de relação de amizade com Rebecka. É ali que está a beleza do livro, onde, pouco a pouco, o rapaz consegue “curar” a moça. Isto aliado à temas controversos como homossexualidade, religião e perda tornaram a trama bem interessante- mas mais no sentido de literatura dramática do que policial.
Em relação ao mistério em si, não foi algo totalmente desprovido nem surpreendente, mas o resultado foi lógico e foi de encontro com o que foi apresentado. O problema- o GRANDE- problema foi o final. Ou a falta dele. Sério, WTF foi aquilo?!
Em suma, A Mancha de Sangue foi uma leitura interessante, mas sem grandes brilhantismos e um final decepcionante. Não é um livro para todos os gostos, porém quem está a fim de ler algo diferente dos romances policiais usais é uma boa pedida.
A Série
Rebecka Martinsson
Livro 1- Aurora Boreal - editado pela Planeta
Livro 2- A Mancha de Sangue - editado pela Planeta
Livro 3- Svart Stig (The Black Path)Inédito no Brasil
Livro 4-Till dess din vrede upphör (Until Thy Wrath Be Past ) -Inédito no Brasil
Livro 5-Till offer åt Molok Inédito no Brasil e sem tradução em Inglês
Título Original: Till dess din vrede upphör
Autor: Asa Larsson
Editora: Planeta
Gênero: Romance Policial
Série:- Rebecka Martinson
Sub-Gênero/Assunto: Crime e Mistério, Homossexualidade, Homens da Lei
Período: Contemporâneo. Suécia.
Outra Capa:
3.5/5