domingo, agosto 19, 2018

[Resenha] O rei das Cinzas - Raymond E. Feist


“O mundo de Garn já foi composto de cinco grandes reinos, até que o rei da Itrácia foi derrotado e todos os membros de sua família foram executados por Lodavico, o implacável rei de Sandura, um homem com ambições de dominar o mundo. A família real de Itrácia eram os lendários Jubardentes, e representavam um grande perigo para os outros reis. Agora restam quatro grandes reinos, que estão à beira de uma guerra.

Mas há rumores de que o filho recém-nascido do último rei de Itrácia sobreviveu, levado durante a batalha e acolhido pelo Quelli Nacosti, uma sociedade secreta cujos membros são treinados para infiltrar e espionar os ricos e poderosos de Garn. Com medo de isso ser verdade, e a criança crescer com um coração cheio de desejo de vingança, os quatro reis oferecem uma enorme recompensa pela cabeça da criança.

Na pequena vila de Oncon, Declan é um aprendiz de ferreiro, aprendendo os segredos da produção do fabuloso aço do rei. Oncon está situada na Covenant, uma região neutra entre dois reinos. Desde que a área de Covenant foi declarada, a região existiu em paz, até a violência explodir com traficantes de escravos indo até a vila capturar jovens homens para serem soldados em Sandura. Declan precisa escapar, para levar seu conhecimento precioso para o barão Daylon Dumarch, comandante de Marquensas, talvez o único homem que pode derrotar Lodavico de Sandura, que agora se aliou à fanática Igreja do Deus Único e está marchando pelo continente, impondo sua forma extrema de religião sobre a população e queimando descrentes pelo caminho.

Enquanto isso, na ilha de Coaltachin, o domínio secreto da Quelli Nacosti, três amigos estão sendo instruídos nas artes mortais de espionagem e assassinato: Donte, filho de um dos mais poderosos mestres da ordem; Hava, uma menina séria com habilidades de luta que poderiam derrubar qualquer oponente; e Hatu, um rapaz estranho e conflituoso no qual fúria e calma lutam constantemente, e cujo cabelo é de um tom brilhante e ardente de vermelho. ”




Livros de fantasia são complicados. Se por um lado, as histórias (quase sempre) nos fascinam, por outro lado, os autores desse gênero tendem a ser muito prolixos e detalhistas, tornando suas obras quase...cansativas.
Por isso, quando peguei para ler O Rei da Cinzas, eu estava sentindo um misto de expectativa e apreensão. Pela sinopse, a história parecia ser ótima, mas e o medo de que tudo fosse uma enrolação sem fim?

Ainda bem que eu estava certa. E errada.

Por ser o primeiro livro de uma série (ou trilogia; os outros ainda não foram lançados) de fantasia, uma explicação sobre o mundo a ser apresentado se faria necessária. E ela existe mas não é de nenhum modo enfadonha. O autor se utiliza de um prólogo curto mais intenso e no decorrer na história vai nos mostrando mais sobre este “Mundo de Garn” e tudo o que envolve. Pra mim, isso tornou a leitura muito mais leve e interessante.

Partindo de uma história de traição, ocorrida 17 anos antes, O Rei da Cinzas nos conta duas histórias que parecem distintas: a do jovem ferreiro Declan e a do órfã Hatu. Contadas em separado, as vidas desses dois personagens seguem caminhos distintos, mas que, de certa forma, sabemos, que ocorrerá uma ligação no final. Só não sabemos como. Foi interessante ver como cada capítulo era dedicado a um deles, fazendo com que muitas vezes parecesse que estava lendo dois livros distintos.

O livro não se passa em um momento de guerra, mas também não é mais sobre uma época de paz. Toda a ação transcorre dentro de um ar de falsa calmaria, onde pequenos (e grandes) acontecimentos mostram que algo maior está por vir. As identidades de Hatu e Declan não são expostas mas, nós, os leitores, sabemos quem eles são. É como aquele segredo óbvio que não precisa ser dito.

Não conhecia o autor e gostei bastante do que encontrei. Os personagens são humanos e misteriosos na medida certa; o heroísmo está presente, mas não de maneira óbvia. Devo dizer que foi fácil torcer por Hatu e Declan. Porém, o que mais me chamou atenção no livro foi como o autor usou uma história de fantasia ´para falar de traição, machismo e, principalmente, religião. Não pude deixar de enxergar a “Igreja do Deus Único” como uma alegoria dos primeiros anos do Cristianismo, mais especificamente, da Igreja Católica. De maneira bem discreta, mas certeira, o autor, critica a intolerância.

Além disso, apesar dos protagonistas serem jovens, o livro não pode ser classificado como uma Fantasia Juvenil. Sim, questões da juventude e adolescência estão presentes, mas o tom adulto e sério se faz presente desde o início. Penso que este talvez seja o principal (se não único) defeito de O Rei das Cinzas: a seriedade, ou melhor dizendo, falta de humor. Não é um livro pesado, mas faltou um pouco de leveza em determinados momentos. Humor.

Apesar de ser um livro longo, O Rei das Cinzas é uma uma história bem estruturada, com bom ritmo e desenvolvimento. Foi certamente uma bela surpresa- com um final que a me deixou querendo muito mais!!

Claro que recomendo!

**Este livro foi gentilmente cedido pela editora**


Título Original: King of ashes
Autor: Raymond E. Feist
Editora: Harper Collins Brasil
Série A Saga dos Jubardentes – Livro 1
Gênero: Fantasia
Sub-Gênero/Assunto: Aventura
Período:



4.5/5


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