Hoje, dia 31 de outubro, Carlos Drummond de Andrade estaria completando 109 anos. Um dos mais ativos e importantes poetas escritores brasileiros, Drummond é conhecido até mesmo por aqueles que dizem não conhecê-lo ou se se dizem ignorantes no que se refere à poesia.
Não pretendo fazer aqui um post biografia ou algo do gênero. É mais um post homenagem. Um pequeno tributo à esse gênio das letras. Mas falando em homenagem, não posso deixar de mencionar o Dia D, criado pelo Instituto Moreira Salles. O Dia D será uma data anual, a fim de celebrar a vida e obra de Drummond (algo parecido com que ocorre na Irlanda com James Joyce).
Saiba Mais Aqui: http://diadrummond.ims.uol.com.br/
Drummond Wiki: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade
A Lílian do Lá No Cafofo fez um post super lindo e chique!
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
-Poema de sete faces
Perdi o bonde e a esperança.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa
ou se é alguém que se diverte
por que não? na noite escassa
com um insolúvel flautim.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
-Soneto da perdida esperança
Tarde, a vida me ensina
esta lição discreta:
a ode cristalina
é a que se faz sem poeta.
-Lição
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora - murmura a bunda - esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.
na carícia de ser e balançar
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda
redunda.
redunda.
- A Bunda, que engraçada
Leia (e escute, na prórpia voz do poeta!) outras poesias e poemas de Drummond: AQUI