Título Original: How To Marry a Marquis Autor: Julia Quinn Editora: Nova Cultural Gênero: Romance Histórico Coleção: CH 464 Série: Agentes da Coroa- Livro 2 Sub-Gênero/Assunto: Romance de Banca, Falsa Identidade Período: Inglaterra. Regência. |
Quando Elizabeth Hotchkiss depara com um livro intitulado Como se Casar com um Marquês na biblioteca da casa de sua patroa, ela acha que aquilo só pode ser uma brincadeira de mau gosto. Com três irmãos mais novos para sustentar, Elizabeth sabe que terá de se casar por conveniência, e não por amor, mas quem mais poderia saber disso? Bem um manual de regras de sedução pode ser justamente o que ela está precisando... De qualquer forma, que mal pode haver em dar apanas uma folheada...?
...Mas ele tem as suas próprias!
James Sidwell, o marquês de Reverdale, foi requisitado por sua tia para tentar salvá-la de uma chantangem; uma incumbência que requer que ele se faça passar por um recém-contratado administrador da propriedade da condessa. As suspeitas e James logo recaem sobre Elizabeth, a dama de companhia da tia. Intrigado pela beleza da jovem e com o interesse dela naquele estranho livro, ele galantemente se oferece para ajudá-la a encontrar um marido... praticando seus estratagemas de sedução com ele. Mas quando ela começa a se aperfeiçoar demais, James decide que só há uma regra que vale a pena seguir: que Elizabeth, finalmente, se case com seu marquês!
Como se Casar com um Marquês é mais uma obra de qualidade, romântica e divertida de uma das minhas autoras favoritas, Julia Quinn.
Este é o segundo livro da série Agentes da Coroa e tem como protagonista, James Sidwell, Marquês de Riverdale, melhor amigo de Blake, o personagem principal de How To Catch na Heiress (Click para ler a minha resenha).
A estória começa com Elizabeth, uma jovem órfã e pobre que precisa cuidar dos dois irmãos menores. Ela trabalha para a velha excêntrica Lady Dansbury como Dama de Companhia mas, apesar de receber um bom salário, este não o suficiente para pagar as contas da casa e enviar o irmão caçula para escola. A única chance dela de melhorar de vida é através de um casamento com uma pessoa de pessoas. É então que ela encontra um velho livro (tipo auto-ajuda) que promete ensinar como ‘conquistar’ um marquês.
Mesmo sem acreditar muito ela resolve ler o manual. O problema é que a jovem começa a se interessar pelo novo administrador da fazenda, James. Um jovem adorável e charmoso mas, infelizmente, pobre. O que ela não sabe é que James é na verdade um Marquês, sobrinho de Lady Danbury e está na propriedade da tia disfarçado a fim de descobrir a identidade de um chantagista.
Elizabeth considera um relacionamento com James algo impossível mas a cada dia que passa a atração entre os dois torna-se cada vez mais intensa- ainda mais quando James resolve ‘ajudá-la’ a encontrar um marido.
Analisando com olhos atuais, a atitude de Elizabeth é um tanto quanto repreensível. Podemos rotulá-la como sendo de certa forma interesseira ou oportunista; porém, se olharmos com olhos da época, nos depararmos com a difícil situação de uma jovem sozinha e pobre. O romance, o amor romântico, é algo lindo, mas em uma época em que as chances de uma jovem pobre sobreviver eram nulas- um dos únicos meios de escapar da miséria total *era* o casamento por conveniência, por dinheiro mesmo.
Penso que é justamente essa ‘humanidade’ no caráter de Elizabeth que faz a estória de Julia Quinn tão especial. Pessoalmente, gostei mais do primeiro livro da série. Achei-o muito mais engraçado mas isto não quer dizer que Como se Casar... seja uma leitura ruim- é apenas mais sério, com maiores toques de drama. Porém, é também correto dizer que o humor fino de Julia Quinn está presente. O livro tem passagens divertidíssimas.
“Ia ter de beijá-la. Simplesmente. Era a idéia mais estúpida e pouco aconselhável que teve em anos, mas parecia que não havia nada que pudesse fazer para deter-se. Aproximou-se, cortando a distância entre ambos, saboreando por antecipação o momento em que seus lábios conseguiriam posar-se sobre os dela e... -Eeep! Que demônios?! Ela soltou algo parecido a um nervoso gorjeio e se afastou, com uma revoada de braços. E então escorregou...com o quê? James não sabia, já que a terra estava seca como o deserto , mas ela agitou os braços como uma louca para impedir de cair no chão , e no processo o golpeou no queixo. -Ow!- ruivou ele. -Oh, sinto!- disse ela rapidamente- Deixe-me vê-lo. Pisou-lhe o pé. -Ouch!! -Sinto muito. Sinto Muito. –Parecia realmente preocupada, e normalmente ele teria suportado isso com menos dramalhões mas , caramba! , realmente lhe doía o pé. -Estarei bem, senhorita... (...) -Sinto Muito- disse ela Ele estremeceu. -Não diga outra vez. -Mas... -Eu insisto. -Ao menos deixe-me ver o seu pé.- Ela se inclinou. -Por favor, não faço isso- Havia poucas situações nas quais James considerava apropriado suplicar e esta era uma delas. -Bem- disse ela endireitando-se- mas eu deveria... Soou um golpe. -Oh, minha cabeça!- grunhiu ela esfregando a cabeça. -Oh, meu queixo!- mal pode exclamar James. Seus olhos se encheram de preocupação e vergonha. -Sinto muito. - Excelente golpe, Senhorita.- disse ele, fechando os olhos, em agonia.- Justo onde me golpeou há um momento com a mão. ” Ouviu como ela tragava. -Sinto Muito. E foi então que ele cometeu o seu fatal engano. Nunca mais manteria os olhos fechados perto de uma fêmea com propensão à estupidez, sem importar o quão cativante ela fosse. Não sabia como conseguiu, mas ouviu sua exclamação de surpresa, e logo depois de alguma maneira se chocou contra ele, com todo o corpo atirando-o ao chão. Bem, acreditou que caíra ao chão. (...) Mas quando de fato lhe ocorreu, o que poderia ter feito era rezar por aterrissar sobre o chão. Teria sido bem mais agradável que fazê-lo sobre uma roseira.” Trecho retirado de uma versão encontrada na web, traduzida por fãs. |
Com certeza, um dos ‘responsáveis’ por esses momentos de humor é o gato de Lady Danbury, Malcom. O bichano é uma peste! E engraçadíssimo.
A parte romântica do livro também é ótima. Elizabeth é super atrapalhada e James quer por que quer 'parecer mais rude' mas não tem jeito- ele é um cavalheiro. O casal é adorável e combina perfeitamente, apesar, de algumas vezes, querermos bater na cabeça dura dos dois. Mas é isso que torna tudo bem mais divertido, né?
O livro tem um inicio um pouco mais lento, mas não moroso, nos mostrando o drama de Elizabeth e sua triste condição financeira. A partir que a estória avança, esses elementos dramáticos vão se misturando com ocorrências quase nonsenses e situações românticas. O romance não é descrito aqui de forma escancarada, mas sim suave e compassada.
Julia Quinn sabe como poucas misturar fina ironia com romance e situações dramáticas. É um equilibrio perfeito, a meu ver.
Como Se casar com um Marquês é uma estória romântica e divertida. É daquele tipo de leitura que nos faz rir, ao mesmo tempo que nos deixa com o coração mais leve. Recomendo.
A Edição
A resenha que fiz, a minha opinião sobre o livro, foi baseada na leitura do livro em Inglês. Infelizmente, a edição da Nova Cultural apresenta DIVERSOS PROBLEMAS. Não só a obra apresenta cortes como também foi modificada. Sim, isso mesmo, parte da estória foi MODIFICADA. Relações no livro foram mudadas, assim como o caráter de alguns personagens (amigos foram transformados em vilões, e vilões em mocinhos). Além disso, situações inteiras foram mostradas de forma diferente do que escritas no original.
Apesar de ser uma série, não há, exatamente, uma necessidade de ler os livros na ordem correta (mas seria de ótimo tom se a editora brasileira tivesse ao menos lançado o outro título no Brasil) porém, alguns aspectos da estória não devem/podem ser mudados como a forma como o casal do livro anterior se conheceu nem a amizade de James com Blake. Até mesmo a fantasia que Caroline usa está diferente da descrita no livro original.
Alguns exemplos de ‘diferenças’ entre as versões:
Cap. 10 (ou cap. 5 na versão NC) – A cena do ‘treino’ de boxe está diferente. No original, ele quer, primeiro, treinar ‘beijos’ e isso não aparece na versão NC. No original, ela o soca e não o espeta com uma vara (versão NC).
Cap 13 (na versão NC é o cap. 6)- O beijo é mais detalhado no original, assim como a tensão sexual (frustrada!). Um diálogo extremamente fofo foi retirado.
Certas passagens são totalmente diferentes, como, por exemplo, o motivo de Liz estar na festa. Aliás, a sequencia da festa está praticamente totalmente diferente da do original. A tradutora INVENTOU partes. E cortou outras. Até mesmo a parte em que James admite que a ama foi cortada!
No Cap. 16 (Cap.7, versão NC), Caroline diz que é de origem humilde. Errado. Ela era uma herdeira, apenas não freqüentava a sociedade. Aliás, neste livro, Caroline, não diz nada sobre ser humilde ou não. Sabe-se sobre o passado no livro anterior, How To Catch An Heiress (Caroline é a 'mocinha' deste livro).
E por aí vai...
Eu não tenho palavras para dizer o quanto eu fiquei passada com isso. Me parece muito pouco dizer apenas que é/foi uma enorme falta de respeito.
A diferença de tamanho entre a versão original e a da Nova Cultural:
Ah! E alguns dos meus queridinhos pockets (esta é a chamada Área Julia Quinn, rs!) Nem preciso dizer que preciso de estante(S), né?
Ah, a Bella veio em um ovo de Páscoa:)
Dificuldade de Leitura: Intermediário-Fácil. A escrita de Julia Quinn é de fácil entendimento. Contudo, por se tratar de um romance histórico, em alguns momentos momentos talvez seja necessário o auxílio de um dicionário.
A Série:
A Série: Agents of the Crown (Agentes da Coroa)
Livro 1: To Catch an Heiress – Inédito no Brasil- o protagonista é Blake, melhor amigo de James.
Livro 2: Como Se Casar com um Marquês (How to Marry a Marquis) – Nova Cultural
• Lady Danbury é presença freqüente na série Irmãos Bridgerton. Para quem não se lembra, ela é a velhinha excêntrica que sempre está presente nas festas. Ela também está presente no mais novo livro da autora, Just Like Heaven.
Outras Capas:
EXTRAS
Site da Autora: www.juliaquinn.com
Página do Livro (no site da autora): http://www.juliaquinn.com/books/marquis.php (pode-se ler o primeiro capítulo, em inglês)
Facebook Fanpage- AQUI
Twitter: http://twitter.com/ldywhistledown (não é bem um twitter da autora mas sim de uma de suas personagens, Lady Whistledown) É como se fosse um alter-ego.
Cotação:
4 / 5